sábado, 17 de julho de 2010

Fábula da convivência





Fábula da Convivência
(autor desconhecido)


Durante uma glaciação muito remota, quando parte do globo terrestre estava coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então, que uma grande vara de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais.
Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro e, juntos, bem unidosagasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aqueleinverno tenebroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir oscompanheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam maiscalor, aquele calor vital, questão de vida ou morte.
Afastaram-se feridos, magoados, sofridos.
Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seussemelhantes.
Doíam muito… Mas, essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.
Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precaução, de tal forma que, unidos, cada qual conservou uma distância dooutro, mínima mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver semmagoar, sem causar danos recíprocos.
Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.É fácil trocar palavras, difícil é interpretar os silêncios. É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar. É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração. É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor. É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente.

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