sábado, 5 de setembro de 2009


Por que você ama quem você ama??? Já se perguntou isso??? Esse texto é fora do comum...


Por que você ama quem você ama?

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não tem a maior vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte para mim.

Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar (ou quase). Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito do amor da sua vida


Martha Medeiros é uma jornalista e escritora brasileira. É colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.

Um comentário:

  1. Fala Henrique! Ainda sobre o tema " amor", estou te enviando esse poema pra voce postar e falar o que vc achou. Abração


    Do Amor

    Não falo do amor romântico,
    aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
    Relações de dependência e submissão,
    paixões tristes.
    Algumas pessoas confundem isso com amor.
    Chamam de amor esse querer escravo,
    e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser
    definida,
    explicada, entendida, julgada.
    Pensam que o amor já estava pronto,
    formatado, inteiro, antes de ser experimentado.
    Mas é exatamente o oposto, para mim,
    que o amor manifesta.
    A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser
    construído,
    inventado e modificado.
    O amor está em movimento eterno, em velocidade
    infinita.
    O amor é um móbile.
    Como fotografá-lo?
    Como percebê-lo?
    Como se deixar sê-lo?
    E como impedir que a imagem sedentária e cansada do
    amor não nos domine?
    Minha resposta?
    O amor é o desconhecido.
    Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
    o amor será sempre o desconhecido,
    a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma
    nova visão.
    A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em
    mutação.
    O amor quer ser interferido,
    quer ser violado,
    quer ser transformado a cada instante.
    A vida do amor depende dessa interferência.
    A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
    decidimos caminhar pela estrada reta.
    Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e
    profundos,
    e nós preferimos o leito de um rio,
    com início, meio e fim.
    Não, não podemos subestimar o amor não podemos
    castrá-lo.
    O amor não é orgânico.
    Não é meu coração que sente o amor.
    É a minha alma que o saboreia.
    Não é no meu sangue que ele ferve.
    O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
    Sua força se mistura com a minha e
    nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
    como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
    O amor brilha.
    Como uma aurora colorida e misteriosa,
    como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
    o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
    Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o
    alimento preferido do amor,
    se estivermos também a devorá-lo.
    O amor, eu não conheço.
    E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu
    abismo,
    me aventurando ao seu encontro.
    A vida só existe quando o amor a navega.
    Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita.
    Ou melhor, só se Vive no amor.
    E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

    (Paulinho Moska)

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